domingo, 31 de outubro de 2010

Doença Tireoidiana na Gravidez

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O hipotireoidismo é quando ocorre uma disfunção da tireóide, que leva à diminuição da produção e/ou da secreção do hormônio tireoidiano (elevação de TSH, hormônio estimulador da tireóide e redução dos níveis de T4L. também conhecido como tiroxina livre) . A tireóide é uma glândula endócrina situada na parte anterior do pescoço, tem formas comparadas à de uma borboleta, sendo facilmente palpável. Atualmente, causas, sintomas, diagnóstico e tratamento do hipotireoidismo são bem definidos. Este distúrbio acomete 1 a 3% da população em geral e é considerado uma das queixas mais freqüentes nos consultórios de endocrinologia.


            Na gravidez, a elevação dos níveis do hormônio estrogênio faz com que a tireóide tenha que trabalhar mais do que deveria para ajudar na formação do bebê e isto provoca um aumento do TSH Normalmente, esta glândula se adapta ao novo quadro, desde que os níveis de iodo da gestante estejam normais. É recomendado que as gestantes ingiram 250 miligramas de iodo por dia. Já as mulheres não grávidas deveriam ingerir 150 miligramas de iodo por dia. O iodo geralmente se encontra adequadamente distribuído no sal iodado e nos frutos do mar.

            O  hipotireoidismo na gestação é muito comum e pode trazer diversas complicações para a mãe e para o feto. As causas mais comuns do hipotireoidismo são: a inflamação crônica da tireóide (chamada tireoidite ou doença de Hashimoto), as manifestações pós-cirúrgicas (retirada parcial ou total da glândula) e as decorrentes de tratamentos prévios dos casos de hiperfunção da glândula (hipertireoidismo). A tireoidite de Hashimoto tem traços genéticos e caracteriza-se pela produção exagerada de anticorpos (= células produzidas pelo próprio corpo) que agridem a própria glândula e tem como principal característica a diminuição do funcionamento da tireóide.

            As conseqüências do hipotireoidismo na gestação pode ter: hipertensão, hemorragia pós-parto, descolamento da placenta, anemia, recém nascido de baixo peso, natimorto, entre outros. È importante lembrar que 20 a 30 % das gestantes com hipotireoidismo não apresentam sintomas.

            A maioria das mulheres com hipotireoidismo já está tomando hormônio tireoidiano quando engravida. Embora um hipotireoidismo leve não diminua a fertilidade, as pacientes com uma deficiência grave da tireóide, de duração prolongada, têm menor chance de engravidar ou, de manterem a gestação. Pode ser necessário aumentar a dose do hormônio tireoidiano durante a gravidez, e para isso, devem-se fazer exames de sangue a cada três meses para verificar se a dosagem do hormônio da tireóide diária precisará ou não ser aumentada.

Após a gestação, a mulher poderá voltar a usar a mesma dose de antes da gravidez. A amamentação não está contra indicada para a mulher que esteja usando o hormônio tireoidiano.
            Alguns estudos mostraram que o hipotireoidismo materno, principalmente no ínicio da gestação, quando mal controlado, pode afetar o desenvolvimento mental de seus filhos, causando problemas cognitivos e até redução de QI. O ideal seria indicar para todas as mulheres com ou sem doença tireoidiana, que pensassem em engravidar, a dosagem de seus anticorpos antitireoidianos (anti-TPO e anti-tireoglobulina), TSH e T4L.
Os anticorpos antitireoidianos são marcadores de doença auto-imune da tireóide e, se aumentados, sugerem a necessidade de um controle trimestral da função tireodiana. A elevação destes anticorpos na mulher que pretende engravidar indica a necessidade de reposição com o hormônio tireoidiano, caso seus níveis séricos de TSH estejam ≥ 2,5 UI/L no primeiro trimestre da gestação ou ≥ 3,0 UI/L no segundo e terceiro trimestres da gestação, mesmo que os valores normais de referência estejam entre 0,35 a 4,2 UI/L, dependendo do kit usado pelo laboratório. 
            Na gestação, a elevação dos anticorpos traz claro risco de hipotireoidismo, aborto espontâneo e parto prematuro. Vários estudos têm apresentado risco de abortamento espontâneo, quando os anticorpos anti-tiroidianos estiverem elevados. Estes anticorpos elevados também são ótimos marcadores de mau prognóstico obstétrico para o ginecologista. Estas alterações tireoidianas são de fácil prevenção. Entretanto, não existe um consenso até o momento de se dosar TSH, T4L e anticorpos antitireoidianos de rotina em todas as mulheres que queiram engravidar ou que estejam grávidas.
           
Referências Bibliográficas:
-         Endocrinologia Clínica, terceira edição, Lucio Vilar, 2006
-         Rev. Bras. Saúde Matern. Infant, Recife, 4 (4): 351-358, out/dez 2004
-         Arq.Bras.Endocrinologia e Metabologia, vol.48, número1, fev 2004
Smallridge RC. Hypothyroidism and pregnanc

Um comentário:

  1. Oi, Denise.
    Interessante seu post sobre gravidez e tireoide.

    Aproveitando, vou deixar uma dica:
    Acontece nesta sexta, dia 26, às 14h, um chat sobre tireoide no site www.mulhersemfalta.com.br. Na ocasião, a médica endocrinologista Dra. Gisah Amaral fala sobre a relação entre gestação, aborto espontâneo e a glândula tireoide. Ela usa o espaço para esclarecer as principais dúvidas acerca do tema.

    Como o assunto é pertinente ao seu blog, seria interessante se você pudesse participar.
    Qualquer dúvida, meu e-mail é fernanda.theodosio@agenciaideal.com.br
    Abç,
    Fernanda

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